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Bridgerton virou dorama? Um debate sobre Hollywood e Raça

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   Por Cecília Ferreira Costa / @ceciliafcosta_

Yerin Ha e Luke Thompson para a nova temporada de Bridgerton


Apaixonantes declarações de amor e casais com uma química hipnotizante te lembram o quê?



Entre os amantes de romances, Bridgerton é uma resposta recorrente, série essa que tem marcado presença nas


redes sociais do seu público com o recente anúncio de que Yerin Ha, protagonizará a nova temporada como


Sophie Baek. O que o público não esperava, entretanto, é a origem coreana da atriz. Afinal, a personagem não era


uma mulher branca?



Para os fãs da série, mudanças desse tipo não são novidade. Bridgerton, adaptação da obra literária de Julia


Quinn, se passa na Inglaterra do início do século XIX. No entanto, sob a direção de Shonda Rhimes, a série


abandonou a precisão histórica para criar um universo paralelo, onde diferentes etnias coexistem em harmonia na


alta sociedade londrina. Essa abordagem levou importantes personagens, originalmente brancos, a serem


interpretados por atores de diversas origens, tornando Bridgerton um alvo de críticas e debates.



Mas por que as alterações de etnia em personagens tão icônicos geram tanta controvérsia? Aqui vão alguns


argumentos.


Argumentos contrários


1. “Mas a personagem não é assim!”



 

Halle Bailey em “A Pequena Sereia” / Leah Jeffries em “Percy Jackson”


Quando se trata de adaptações, as demandas por fidelidade narrativa frequentemente se chocam com as

exigências de representatividade, embate que comumente desencadeia críticas quando as escolhas de elenco

divergem das descrições originais. Exemplos disso foram as escolhas de elenco de Halle Bailey como Ariel em

“A Pequena Sereia” e Leah Jeffries como Annabeth Chase em “Percy Jackson”.


Apesar das críticas a essas escolhas serem frequentemente justificadas pela “aparência inadequada” das atrizes,

muitos argumentam que esses comentários refletem uma visão racista. O escritor Rick Riordan, em defesa de

Jeffries, colocou em questão o real motivo da insatisfação: “Você está chateado porque uma atriz negra foi

escolhida para interpretar uma personagem descrita como branca nos livros, julgando a adequação para este papel

exclusivamente pela aparência dela. Amigos, isso é racismo.”


2. Diversidade e inclusão ilusória?


A cineasta Rosa Miranda, da Universidade Federal Fluminense, comentou sobre a adaptação de “A Pequena


Sereia”, alegando que a inclusão de uma atriz negra em um conto europeu não altera sua essência eurocêntrica.

Essa crítica sugere que a simples troca de etnia não é suficiente; para a inclusão ser efetiva, é necessário contar


histórias que realmente reflitam a vivência e as culturas dos grupos minoritários.

Argumentos favoráveis

1. Representatividade




Simone Ashley como Kate Sharma em “Bridgerton” / Miles Morales em “Homem-Aranha no Aranhaverso”


Apesar das resistências, defensores dessas mudanças ressaltam a importância da representatividade. Halle Bailey,

ao falar sobre seu papel como Ariel, destacou: “Quero que a garotinha que existe em mim e todas as garotinhas

que estão assistindo saibam que são especiais e que deveriam ser princesas em todos os sentidos.”


Outros personagens também geraram reações semelhantes, como Miles Morales, a versão negra do Homem-

Aranha, e Kate Sharma, adaptada de uma personagem branca para uma imigrante indiana em Bridgerton. Essas

transformações tornam os personagens símbolos da força, resiliência e beleza de grupos minoritários, permitindo

que diversas idades se vejam e se inspirem.


2. Oportunidades de trabalho


A ampliação de oportunidades para atores não brancos no mercado audiovisual é destacada por Cori Murray,

editora da Essence. A pressão por inclusão também leva a uma reformulação dos contratos, buscando corrigir

décadas de discriminação racial, sexismo e homofobia.


3. Diversidade Histórica

Ademais, a retratação do passado apenas com de figuras brancas distorce a realidade histórica. Embora algumas

adaptações não sejam historicamente precisas, elas são essenciais para destacar o protagonismo de grupos

minoritários que desempenharam papeis significativos ao longo da história. Ignorar essas contribuições perpetua

a ideia de que apenas um grupo detém o protagonismo.


Reflexões Finais


Diante dessa discussão, como avaliar essa polêmica?


Independente da variedade de posicionamentos, é inegável a responsabilidade social da indústria de

entretenimento na reparação histórica das injustiças cometidas contra grupos minoritários.


A chegada de Yerin Ha em Bridgerton é um exemplo de como as demandas por diversidade e inclusão estão


moldando as artes cênicas. A comunicação está em constante evolução, refletindo as transformações da


sociedade. Dessa forma, seja através da reinvenção de romances de época, contos de fadas ou histórias de super-


herois, as narrativas nas telas seguirão avançando na criação de espaços onde todos possam se ver representados


e valorizados.


Cria UFMG

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