Por João Gabriel Moreira / @ggmjoao
Quando olhamos para o céu, somos imediatamente confrontados com o mistério que nos fascina desde os
primórdios da humanidade: o cosmos. Na UFMG, o Grupo de Astronomia tem a missão de explorar o espaço
e trazer esse conhecimento para mais perto de todos. Por meio de projetos, eventos e pesquisas, ele tem sido
um pilar importante na divulgação científica, engajando tanto a comunidade acadêmica quanto o público geral.
Nascido nos anos 90, é fruto da iniciativa do professor Renato Las Casas, e, desde então, carrega nomes de
personalidades importantes na sua história, como o de Beatriz Alvarenga, física e escritora renomada.
Atualmente, conta com cerca de 15 monitores ativos, majoritariamente vindos dos cursos de graduação em
Matemática e Física, embora não haja pré-requisitos específicos para a participação.
Astrônomo Renato Las Casas. (Foto: Wellington Pedro / Agência Minas)
Em uma entrevista com o estudante de Física da UFMG e membro do grupo, Matheus Luis Ribeiro, de 22 anos, conhecemos o objetivo fundamental do grupo de astronomia: levar ciência de forma acessível para o público e simplificar conceitos que são tidos como complexos, conectando-os ao dia a dia das pessoas, desde o público mais leigo, como as crianças, até os especialistas da área.
Financiado pela PROEX e apoiado pelo Departamento de Física, o Grupo de Astronomia realiza projetos e
eventos como atividades em escolas, o grupo de Física Fácil, o programa de rádio “Universo Maravilha” e
a tão famosa e comentada “Quarta Crescente”.
Afinal de contas… o que é a Quarta Crescente?
Criado em 2001, o evento gratuito realiza experimentos de fisica, palestras, observações astronômicas e
atividades interativas, ocorrendo de maio a setembro, sempre nas quartas-feiras de Lua Crescente, na Estação
Ecológica da UFMG, no Campus Pampulha.
O grupo mantém uma parceria com o Museu da Matemática da UFMG, enriquecendo a experiência dos
visitantes com jogos lúdicos e diversas atividades. Dessas, eles fazem uso de um planetário inflável que oferece
projeções estelares no teto, acompanhadas de palestras. Uma das apresentações mais populares explora as
estrelas presentes na bandeira do Brasil.
Planetário inflável utilizado nas edições do projeto Quarta Crescente. (Fonte: Galeria do Observatório / UFMG)
Além das sessões no planetário, o grupo realiza observações astronômicas utilizando telescópios newtonianos e
binóculos de grande alcance, além do software Stellarium, que ajuda a descobrir o que está no céu e a planejar as
observações. Essas observações variam de acordo com as condições do dia, mas geralmente acontecem durante a
fase de Quarto Crescente da lua, que não está tão brilhante como na fase cheia, permitindo uma melhor
visualização do céu sem tanta interferência luminosa.
As observações astronômicas costumam ocorrer até o mês de setembro, pois a astronomia depende das condições
climáticas e, a partir de outubro, com a chegada das chuvas, o céu fica encoberto, dificultando a visibilidade,
especialmente nos meses de novembro e dezembro.
Com o sucesso da Quarta Crescente, o grupo busca expandir suas atividades, embora enfrente o desafio do
fechamento temporário do Observatório Astronômico Frei Rosário (OAFR), localizado a 65 km de Belo
Horizonte.
Observatório Astronômico Frei Rosário na Serra da Piedade. (Fonte: Luiz Lage / Observatório UFMG)
O observatório, mantido pelo Departamento de Física da UFMG, está fechado devido a problemas
administrativos e técnicos, como altos custos de reparo, como de um binóculo avaliado em 300 mil reais. A
reabertura está indeterminada, o que frustra a comunidade astronômica, pois o observatório atraía vários
visitantes por evento.
Entre outros eventos notáveis do grupo mencionados por Matheus, está o realizado durante o eclipse solar na
Praça Sete em 2023, que contou com grande participação da população e cobertura da imprensa, como G1 e
Jornal O Tempo. Para ele, este foi o evento mais marcante, pois evidenciou o impacto da divulgação científica,
sobretudo por ser público e em um ponto central da cidade.
Observação do eclipse solar na Praça Sete acompanhada por grande público. (Fonte: Matheus Luis Ferreira Ribeiro e Hugo Vieira Santos / Arquivo pessoal)
Ainda no aspecto de projetos, o grupo também possui o podcast “Paralaxe”, que oferece entrevistas rápidas com
cientistas de física e astronomia, explorando curiosidades sobre o cosmos. O objetivo é tornar a ciência mais
acessível e engajante, mesmo para aqueles que não têm interesse profundo nas áreas de pesquisa.
Matheus ainda destaca que, sob a nova coordenação de Guilherme Lima, o grupo tem usado a desinformação
como uma oportunidade para ensinar ciência. Em vez de desdém, aproveitam as fake news para corrigir
conceitos errôneos e transformar o interesse popular em uma porta para o conhecimento científico. O verdadeiro
desafio da divulgação científica é dialogar com aqueles que possuem crenças opostas à ciência, principalmente
utilizando exemplos básicos.
E tem como provar de uma forma fácil que a Terra não é plana, por exemplo?
O monitor sugeriu o seguinte experimento: dois pedaços de madeira do mesmo tamanho, cravados no chão por
pessoas em cidades distantes, medindo as sombras simultaneamente. Se a Terra fosse plana, as sombras teriam o
mesmo tamanho. A diferença nas sombras demonstra que não. A Terra não é plana e tem, sim, curvatura,
descoberta por um princípio usado por Eratóstenes há mais de 2.000 anos.
Telescópio principal do Observatório Astronômico Frei Rosário. (Fonte: Beatriz Dantas / Galeria do Observatório)
E é assim, com experimentos simples e uma paixão contagiante pela ciência que o Grupo de Astronomia da
UFMG busca democratizar saberes. A jornada que eles traçam é um testemunho do poder da ciência em conectar
pessoas e expandir horizontes. Enquanto continuamos a olhar para o céu e a questionar o nosso lugar no
universo, podemos ter certeza de que a ciência — com toda a sua complexidade e beleza — está sempre
pronta para iluminar o caminho.
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