Você já parou para pensar na quantidade de histórias que se perderam simplesmente porque não encontramos registros dela? Ou porque só escutamos um lado de sua história? Pois bem, foi pensando nisso que resolvemos trazer hoje a memória de Henry Cyril Paget, o quinto marquês de Anglesey!
Henry Paget nasceu no final do século 19 na Inglaterra e recebeu o título de marquês após seu pai falecer. Hoje, ele é reconhecido como “Elton John” da alta sociedade Vitoriana. Ele veio de uma família extremamente rica, que acumulava uma fortuna de 535 mil libras, 60 milhões hoje em dia. O marquês era a ovelha negra da família. Sempre excêntrico e extravagante, ele não media limites para manter a luxuosidade e seu alto-padrão de vida.
Henry amava muito as artes e os teatros. Por isso destinou grande parte de sua fortuna a promover a cultura da performance em sua época. Um de seus maiores investimentos foi transformar a capela de sua família em um teatro público com cerca de 150 lugares, onde ele se apresentava junto de outros atores da companhia de teatro, e disponibilizava ingressos gratuitos para toda a população assistir.
Nessas mesmas peças, Paget era protagonista não só por atuar no papel central, mas também por suas vestimentas feitas de diamantes e outras pedras preciosas que custavam milhões de libras. Foi a partir daí que os jornais de notícia lhe concederam o apelido de “Marquês Dançante”, devido às sinuosas danças que performava durante os intervalos dos atos.
O grande problema foi que, eventualmente, a sua infinita lista de extravagâncias o levou à falência. No começo do século 20, após sua morte, seu primo, Charles Paget, recebeu todos os seus bens e os colocou à venda. Ele leiloou aproximadamente 17,000 pertences, desde sua coleção de joias até seus cachorros. Pouco depois até seu teatro foi desmontado e transformado novamente em uma igreja.
Henry tem um papel inegável na história cultural britânica, levando o teatro para o povo e incentivando os artistas da época. Atuando como um verdadeiro símbolo, referência no movimento em ascensão na época. Entretanto, quase todo rastro de sua existência desapareceu juntamente com sua morte em 1905. Seus diários e cartas foram destruídos pela família e suas fotos e documentos literalmente apagados da história.
Apesar de não fazer parte comprovadamente da comunidade LGBTQIA+, a sexualidade do marquês foi objeto de estudo e especulação ao longo de vários anos e recentemente apresentado pelo National Trust, como figura importante para a análise histórica das vivências queers. Se deseja saber mais sobre a comunidade LGBTQIA+ e como ela surgiu, recomendamos muito a leitura do texto sobre Stonewall Inn!
O caso de Henry Paget não trata apenas de um homem descuidado e excêntrico que perdeu toda sua fortuna, mas sim a de um homem que teve sua existência apagada. Sua história é mais um exemplo de uma pessoa queer que a sociedade esqueceu e desvalorizou com o tempo e que somente agora nós temos a oportunidade de conhecer e admirar suas obras e ações.
Henry marcou sua época e certamente é um indivíduo que devemos lembrar, não apenas como símbolo mas também como lembrete do longo caminho que ainda temos a percorrer para sermos mais diversos e inclusivos.
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